Policiais rodoviários federais abordaram no fim da tarde deste domingo (19) um ônibus com cerca de 40 passageiros paraguaios que entraram ilegalmente no país. Entre eles estavam três brasileiros e três paraguaios, a maioria jovens, com documentação válida. O flagrante foi feito por volta das 17h30 no posto de fiscalização da BR-277 em Céu Azul, no oeste do Paraná, depois de uma denúncia anônima. O grupo seguiria para São Paulo, onde a polícia suspeita que trabalharia em fábricas de confecções em regime de escravidão.

Paraguaios ilegais foram acompanhados até a aduana da
Ponte da Amizade (Foto: Izabelle Ferrari / RPC TV)
Desde o dia 12, já foram flagrados 205 paraguaios na mesma situação na região da fronteira. Todos foram acompanhados até a Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este (PY), de onde retornaram ao país de origem. O primeiro ônibus, com 48 passageiros ilegais, foi abordado no domingo (12) também no posto de Céu Azul. Já na quinta-feira (16), foram mais três, com 137 homens, mulheres e crianças com idade entre cinco e 60 anos. Dois dos veículos, todos da mesma empresa de transporte de São Paulo, foram abordados em Céu Azul e um em Santa Terezinha de Itaipu, na mesma rodovia. Além da falta do documento de entrada no país, os ônibus não tinham a autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o transporte de passageiros.
Trabalho escravo
Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), os paraguaios autuados e multados durante a semana disseram que receberiam R$ 0,10 por peça de roupa produzida em fábricas de São Paulo. “Este tipo de contrato e de pagamento por peça de roupa produzida já demonstra uma situação irregular de trabalho, provavelmente escravo”, afirmou o delegado da PF em Foz do Iguaçu, Ricardo Cubas César. Ele acredita que os estrangeiros estejam sendo aliciados por uma quadrilha especializada que vem agindo na região.
Quanto à obrigatoriedade de os estrangeiros informarem a entrada no país, o delegado explicou que paraguaios, em função do Mercosul, têm o trânsito facilitado nos países no bloco, e precisam de visto apenas nos casos de permanência acima de 90 dias ou para estudo e trabalho. “Esta liberação precisa ser feita por meio do consulado do Brasil no país de origem.” Nos flagrantes de imigração irregular, se os estrangeiros se dispuserem a voltar voluntariamente, são acompanhados pela polícia até o ponto de fronteira mais próximo. “Caso contrário, é feito o procedimento formal de deportação”, observou César.
Fonte: G1