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jun/2012

Reajuste para deter grevistas

Para acalmar os professores das universidades federais em greve há quase um mês, o governo prometeu apresentar proposta de reajuste salarial na terça-feira que vem, por meio de um novo plano de carreira. O Palácio do Planalto está sendo pressionado por quase todas as categorias do serviço público federal a conceder aumentos e as paralisações começam a tomar conta do país. Por ora, além dos docentes universitários, somente os militares e, possivelmente, o pessoal do Judiciário deverão ter algum reajuste em 2013.

O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, sinalizou que o governo poderá tomar como base para a negociação com os professores universitários o plano de carreira da Ciência e Tecnologia. Atualmente, um professor titular com dedicação exclusiva ganha entre R$ 4,7 mil e R$ 11,7 mil, a depender da formação acadêmica. Já um pesquisador titular da carreira de ciência e tecnologia recebe entre R$ 7,7 mil e R$ 14,1 mil, incluindo as gratificações temporária e de desempenho.

Em reunião anteontem no Ministério do Planejamento com representantes dos docentes federais, Mendonça pediu prazo de 20 dias para apresentar uma contraproposta, condicionada ao fim da paralisação, o que foi rejeitado. Ele então se comprometeu a levar um “esboço” de um novo plano de carreira para os professores na próxima terça.

Até lá, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) garante que a greve continua. Já chega a 55 o número de universidades que aderiram à paralisação. Na avaliação da professora Milena Martinez, integrante do comando nacional da greve, a apresentação de uma proposta baseada na ciência e tecnologia não atenderá à reivindicação da categoria. “São atividades completamente distintas. Além disso, há uma incompatibilidade nas cargas horárias das duas carreiras”, disse.

Quartel
O governo também está estudando aumento para os militares em 2013. Um grupo formado por integrantes dos ministérios do Planejamento e da Defesa está elaborando uma proposta há três meses, mas, por enquanto, ainda não foi definido o percentual nem como será pago, se parcelado e a partir de quando. A concessão de reajuste para os militares é considerada inevitável pelo governo, que não pretende intensificar a insatisfação nos quartéis. O último foi concedido em 2006, de forma escalonada até 2008, e os salários estão defasados em relação a outras carreiras do Executivo.

Com a possibilidade de um reajuste linear para todo o funcionalismo descartada, os servidores civis das demais áreas querem uma proposta oficial do governo. O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves, afirmou que a greve do Executivo começará na segunda e garantiu que ela será mantida até que o governo sinalize com algum aumento.

Ele não quis adiantar se os servidores aceitarão reajustes diferenciados, como os que foram concedidos entre 2008 e 2010. “Não dá para fazer nenhum tipo de avaliação com propostas não oficiais. Isso deixa a nossa categoria vulnerável”, afirmou. Segundo ele, a reivindicação do funcionalismo está na mesa do governo desde janeiro: 22% de aumento linear, além da definição de uma data-base anual para negociação. “O governo se recusa a escrever qualquer tipo de proposta, é uma posição de total descaso com os servidores”, criticou o secretário-geral do Sindsep-DF.

Técnicos parados
Não são só os professores a pedir aumento nas universidades. Os técnico-administrativos engrossaram a greve dos docentes universitários na segunda-feira. Eles querem piso salarial maior e correção de pendências da carreira desde 2007. “Nunca a adesão ao calendário de ações e propostas oficiais da entidade foi tão unânime. É perceptível como cada uma das entidades filiadas está engajada no processo de paralisação”, comemorou a diretoria nacional da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Técnico-administrativos das Universidades Brasileiras (Fasubra).

Fonte: Correio Braziliense

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