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jun/2012

Reivindicações de servidores podem custar R$ 60 bi

Na contabilidade do Ministério  do Planejamento, o custo das reivindicações apresentadas por servidores públicos  para 2013 alcança R$ 60 bilhões. “É mais do que a previsão de gastos do  Orçamento com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, comentou  o secretário de relações de trabalho, Sérgio Mendonça, responsável pela Mesa  Permanente de Negociação com o funcionalismo.

Mendonça vem  recebendo representantes de categorias e anotando as reivindicações. Por ora não  apresentou nenhuma contraproposta, o que levou algumas categorias a cruzarem os  braços e ameaçarem uma greve geral. Segundo avaliação da Confederação dos  Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), cerca de 300 mil servidores  já estão parados, e a greve geral pode alcançar 500 mil. A paralisação é apoiada  pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT.

Mas Mendonça não acredita em greve geral. “Não é comum uma greve geral, os  interesses são muito específicos, não acho possível”, comentou. Ele calcula que  nos quatro meses em que coordena a Mesa Permanente de Negociação foram realizadas 130 reuniões  com representantes de diferentes categorias. Segundo o secretário, a orientação  do governo é reconhecer a legalidade do movimento, mas admite o corte do ponto  dos funcionários grevistas. “Não vamos esticar a corda demais, mas temos de  garantir os serviços.”

Conforme Mendonça, o governo ainda  deve demorar um mês para apresentar uma contraproposta aos funcionários  públicos. Em 31 de julho, um mês antes do prazo final para o envio da proposta  da nova lei orçamentária para 2013 ao Congresso, o governo deverá ter  alguma resposta aos servidores, prevê o secretário. Mas ele não adiantou os  critérios do governo para a concessão de correção salarial em 2013.

Reajustes. O impacto dos gastos com pessoal no conjunto das despesas  públicas é uma das principais preocupações do governo. Várias categorias pedem correção de 22%. Algumas,  como os auditores fiscais da Receita Federal, há 12 dias em operação-padrão,  pedem mais de 30% de reajuste. “O custo total da folha de salários é de R$ 200  bilhões, e só o impacto das reivindicações do executivo civil chega a R$ 60  bilhões”, calcula o secretário. O valor corresponde a mais de três vezes os  repasses do Bolsa Família.

Na avaliação do Planejamento, a  diferença salarial entre os poderes da União estimula as reivindicações de  servidores do Executivo. Enquanto a média salarial no Executivo é de R$ 5,9 mil,  a do Judiciário é de R$ 10,4 mil e a do Legislativo, R$ 15 mil. A média salarial  do Ministério Público é de R$ 17,2 mil. “Há uma demanda forte pelo salário  relativo, só isso pode explicar pedidos de reajustes de mais de 30% num país com  meta de inflação de 4,5%.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

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