Por *Valdomiro Rodrigues
Quem já não sentiu sono ao dirigir por horas em uma rodovia chegando às vezes até a dar aquela famosa “pestanejada” e tomando um grande susto? Essa situação ocorre com freqüência e é encarada com tanta naturalidade, que a maioria das orientações dos profissionais e especialistas em trânsito geralmente são direcionadas apenas para aqueles profissionais que cotidianamente passam a maior parte do tempo nas estradas, ou seja, os motoristas de caminhão e ônibus.
Infelizmente, a sonolência já não mais ataca somente os motoristas que trafegam pelas vias rurais: estradas e rodovias, mas também os condutores de outros tipos de veículos, inclusive os de automóveis, que por diversas horas encaram congestionamentos infindáveis dentro das vias urbanas das cidades onde residem.
O principal problema de sentir sono ao dirigir está intimamente ligado a questão do aumento dos tempos de percepção e de reação, onde leva o condutor a não perceber em tempo hábil uma determinada situação de risco e conseqüentemente tenha tempo de evitar o acidente de trânsito. Laudos periciais demonstram que em determinados acidentes não são encontradas marcas de frenagem no pavimento, o que denota que o condutor desse veículo possivelmente estaria dormindo ao volante.
Segundo a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), o sono já é responsável por 42% dos acidentes de trânsito ocorridos no Brasil, pois atua diretamente na diminuição ou perda dos reflexos do condutor. Esclarece o Doutor Dirceu Rodrigues Alves Júnior, que o condutor para dirigir necessita de três funções importantes: a primeira função é a cognitiva, ou seja, a atenção, a concentração, o raciocínio e a agilidade mental. A segunda é a motora, que permite ao motorista dar respostas imediatas quando ao volante e a terceira é a sensorial que abrange o tato, a visão e a audição. Acrescenta que essas funções só funcionam perfeitamente se o sono estiver em dia, que dormir antes de dirigir é tão importante quanto dirigir sem beber e que o sono é semelhante à ação do álcool sobre o organismo.
Devemos ter em mente, que o sono nem sempre é só causado devido a uma noite mal dormida ou cansaço, mas sim que na maioria das vezes surge como efeito do consumo de álcool, drogas ilícitas (entorpecentes) e até mesmo devido ao consumo de drogas lícitas (remédios).
É de suma importância enfatizar os efeitos que algumas dessas substâncias causam ao nosso organismo quando consumidas:
– medicamentos podem provocar agressividade, sonolência, euforia, alucinação, visão ofuscada, etc.;
– maconha ocasiona relaxamento e lentidão dos reflexos e ações, perturbação na capacidade de cálculo do tempo e distância, e aumento dos tempos de percepção e reação;
– cocaína e crack geram agitação, estimulando a direção de forma agressiva e em alta velocidade;
– álcool provoca alterações motoras, psíquicas e de percepção significativas, tornando a pessoa agressiva, havendo ainda, a redução do seu nível de atenção e o aumento do tempo de reação..
Aqui vão algumas dicas para que você consiga identificar se está dirigindo com sono, prestes a cochilar ao volante e possivelmente se envolver em acidente:
– olhos pesados, fechando involuntariamente e dificuldade de mantê-los abertos;
– coçando os olhos e bocejando frequentemente;
– dificuldade de concentração e de se manter dentro da faixa de trânsito;
– estar se sentindo muito cansado;
– tomar susto repentino sem motivo determinante, etc.
Não há fórmula mágica para que estejamos livres de sermos surpreendidos pelo fantasma do sono ao dirigir, mesmo que no perímetro urbano das cidades, mas podemos minimizar esses efeitos se tomarmos alguns cuidados básicos especiais:
- Não tome remédios, bebida alcoólica nem faça refeições pesadas antes de dirigir;
- Evite viajar sozinho, revezando com outros condutores se houver possibilidade;
- Pare sempre que estiver cansado; durma 8 horas no mínimo se puder, evitando dirigir principalmente no período das 23 às 06 horas da manhã, momento em que o organismo mais sente a necessidade de descanso;
- Planeje a viagem, parando por 15 minutos a cada 3 horas de direção no máximo;
- Não ingira drogas, principalmente os conhecidos rebites (alucinógenos) que lhe darão a falsa ilusão de mantê-lo constantemente acordado.
MANTENHA-SE ALERTA! UM SEGUNDO DE DISTRAÇÃO É O SUFICIENTE PARA SE ENVOLVER EM UM ACIDENTE DE TRÂNSITO
* Valdomiro Rodrigues – Policial Rodoviário Federal filiado ao SINPRF/SP e Especialista em Trânsito