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set/2013

Tudo na mesma no Ministério do Trabalho

Repetem-se as cenas de agentes da Polí­cia Federal em operação de busca e apreensão em órgão público. O repete- co não é apenas na coreografia, mas no alvo da Operação Esopo: o Ministério do Traba­lho, frequentador de relatos de casos de corrup­ção, em especial na gestão de Carlos Lupi, presi­dente nacional do PDT.

Creditam-se ao grego Esopo histórias infantis de cunho moral — uma delas, a da cigarra trabalha­deira e da formiga esbanjadora, sem preocupação com a proximidade do inverno. Nos últimos tem­pos, no ministério do mesmo nome, trabalho mesmo, viu-se pouco. Tudo esteve mais para o descuido da formiga com o dinheiro público. His­tória da carochinha quem contou foi o governo Dilma, quando afastou Lupi em nome de uma pretensa moralização. O noticiário da posse de Manoel Dias, em março, no lugar que fora do mi­nistro, a quem é muito ligado, prenunciava o que aconteceu mais uma vez.

A volta da influência do ex-ministro Carlos Lupi na Pasta, com a nomeação de Manoel Dias, recolocou área no circuito da corrupção e na mira da PF

Lupi circulou alegre na solenidade da posse do correligionário Dias. Tudo, afinal, voltava a estar sob controle. Lupi passara o ministério a seu se­cretário executivo, Paulo Roberto dos Santos Pin­to, para um mandato interino de quatro meses. Ele sairia com a chegada de Brizola Netto, e retor­naria pelas mãos de Manoel Dias.

Assim como outros da equipe de Lupi. Ontem, Paulo Roberto, destituído, foi levado à força para depor na PF, por haver suspeita de sua participa­ção num esquema de fraude para transferir di­nheiro público a uma OSCIP (Organização da So­ciedade Civil de Interesse Público), o Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), de Belo Horizonte, prestador de supostos serviços de qualificação profissional.

Paulo Roberto Pinto foi quem mandou retirar o IMDC do cadastro da Controladoria Geral da Uni­ão (CGU) de entidades sem fins lucrativos impe­didas de receber dinheiro do governo. Teria corri­do propina nesta limpeza de ficha. Até ontem à tarde, além de Paulo Roberto, estavam exonera­dos Anderson Brito Pereira, assessor direto do mi­nistro; Antônio Fernando Decnop, subsecretário de Orçamento, e Geraldo Riesenbeck, coordenador-geral de Convênio. Caiu, mais uma vez, a cú­pula da Pasta, constituída sob inspiração de Car­los Lupi. O esquema, estimam a CGU e a PF, pode ter tragado dos cofres públicos R$ 400 milhões. Ontem, havia 22 pessoas presas. Existe, ainda, uma conexão da IMDC com a Federação das In­dústrias de Minas (FIEMG) e o Instituto de Desen­volvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (IDENE), autarquia do governo do estado. Não falta sequer conexão com uma mensaleira condenada, Simone Vasconcelos, diretora da SMP&B, agência de Marcos Valério. Simone forneceria notas fiscais para lavar dinheiro do IMDC.

A origem de tudo é a política fisiológica de montagem de equipes de governo, seguida des­de o primeiro governo Lula. Dilma, no início do mandato, pareceu corrigir rumos. Mas só pare­ce, como se nota.

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